quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A Origem do Menu do Dia

Certamente alguma vez você já deve ter tido que organizar uma refeição familiar ou de trabalho e para isso deverá ter pensado na variedade de restaurantes que oferecem um menu do dia. O que talvez não saiba é que este serviço surgiu durante o regime franquista e que Aragón e até os dias de hoje mantém vigente entre seus decretos.

Tudo começou em 1965 quando Fraga Iribarne, ministro da Informação e Turismo - entre 1962 e 1969 -, realizou uma série de medidas de promoção com o objetivo de atrair turistas às cidades espanholas. Qualquer local que servisse comidas e bebidas deveria oferecer um menu turístico com um preço fixo.

Em 2010 foi realizada uma revisão das leis turísticas. As novas modificações ofereciam liberdade a cada comunidade autônoma para poder desenvolver suas próprias competências. Com esta normativa, foi eliminada a antiga obrigatoriedade do menu do dia.

Entretanto, Aragón é uma das três comunidades junto a Astúrias e Navarra que mantém vigente este costume através de um decreto de 1999 na BOA, que estabelece as normas sobre ordenação de bares, restaurantes, cafeterias e estabelecimentos com música, espetáculo e baile. Os restaurantes de 1, 2 e 3 talheres devem oferecer a um preço global: dois pratos, pão, sobremesa e bebida.

“O menu não se oferece por exigência legal, mas sim porque funciona. É uma ferramenta de trabalho que dá resultados”, explica o presidente da Associação de Empresários de Restaurantes de Zargoza e província, Luis Vaquer.

O menu do dia mudou de nome ao longo dos anos e também de preço. Em 1970 a lei adotou para o menu turístico o nome de menu do dia. As obrigações seguiam as mesmas até 1981 quando voltou a mudar de nome para chamar-se ‘menu da casa’. Neste caso, já não eram todos os restaurantes os que deveriam oferecer o serviço. Os restaurantes de primeira e de luxo passaram a estar isentos, como na atualidade.

Os preços também sofreram modificações. No início, a importância do menu oscilava entre as 50 pesetas nos restaurantes de carta e a 250 nos de maior qualidade. Com o passar dos anos, os restaurantes de menor qualidade estabeleceram um preço máximo de 100 pesetas. Hoje em dia a oferta é muito diferente.

“Aperitivo e taça de espumante, três primeiros e segundos a escolher, sobremesa, água e vinho por 13,90 euros”, é a oferta do Restaurante Tartar de Zaragoza. “É muito difícil classificar a oferta de menus”, assegura Vaquer. O detetive dos menus do dia, entretanto, não existe, mas sim outras formas de controle no mundo dos restaurantes: “O controle existe nos preços, que devem ser cumprido segundo o comunicado aos Serviços Provinciais”.

“Ovos a baixa temperatura com creme de ervilhas, arroz caldoso de ternasco, cana, taça de vinho ou água, pão e sobremesa, por 10 euros”, reza a carta da Clandestina Café de Zaragoza. As cafeterias têm a possibilidade de oferecer prato combinado do dia, que deverá reunir as mesmas condições que os restaurantes de 1, 2 ou 3 talheres.

“Nossa filosofia é oferecer produtos de primeira, ecológicos e de qualidade, mas a um bom preço”, explica Fernando Solanilla, dono da Clandestina Café. “Oferecemos o prato combinado com uma técnica diferente, com um impacto na mistura de sabores e texturas, mas a um preço viável que possa caber em qualquer bolso para comer fora de casa”, indica.

Em 2008 um estudo da Organização de Consumidores e Usuários (OCU) publicou que Zaragoza era a comunidade com os menus mais caros da Espanha, com um preço médio de 12,85 euros. No conjunto do país, o preço médio do menu atinge 9,50 euros.

Contudo, ao percorrer os bares e restaurante da cidade, se pode encontrar lugares onde comer um prato do dia por 5,95 euros.
“A capital tem restaurantes de gama alta, que graças ao menu do dia, oferecem a possibilidade de desfrutar de uma boa qualidade de pratos a preços viáveis”, insiste Vaquet.
O restaurante La Senda de Zaragoza com um menu degustação por 30 euros oferece seis pratos de elaboradas delícias que vão mudando de tempos em tempos.

Finalmente, o que se criou como uma demanda turística se converteu numa nova forma de desfrutar da gastronomia.

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