quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Adoçantes artificiais alteram a flora intestinal favorecendo a obesidade e a diabetes

Você sabia que a sacarina, o aspartame e a sucralose, frequentemente usados nas dietas de emagrecimento e pelos diabéticos, mais prejudicam do que ajudam?
Segundo as pesquisas modificam a flora intestinal facilitando o aumento de peso, o qual dificulta o controle do nível de açúcar no sangue e, portanto, aumenta o risco de diabetes tipo 2, segundo um comunicado do Instituto Weizmann de Rehovot (Israel) publicado na revista Nature.
Os adoçantes artificiais, ao contrário do açúcar, passam pelo aparelho digestivo sem serem digeridos. Por essa razão não adicionam calorias ao nosso organismo, mas, exatamente por essa mesma razão, chegam intactos até nossa flora intestinal - as bactérias que povoam nosso intestino grosso.
Tendo em conta que os alimentos que ingerimos regulam a flora intestinal e que essa flora regula a saúde, os presquisadores se perguntaram se os adoçantes artificiais poderiam ter algum efeito relevante.
Testes em cobaias
Para averiguar, realizaram uma série de testes em cobaias e “nos surpreendeu que o efeito fora tão grande”, declara Eran Segal, também codiretor da pesquisa do Instituto Weizmann. Posteriormente, realizaram dois estudos em pessoas que confirmaram os resultados.
Os testes em cobaias demostraram que quando um animal ingere sacarina, aspartame ou sucralose, o nível de açúcar no sangue sobe mais que quando ingere açúcar.
Demonstraram também que os adoçantes modificam a composição da flora intestinal. Concretamente, reduzem as bactérias do gênero Bacteroidetes - que são um antídoto contra a obesidade - e aumentam as do gênero Firmicutes.
Para certificar que a flora intestinal é a chave do efeito dos adoçantes sobre o nível de açúcar no sangue, foi realizado um transplante de bactérias intestinais de cobaias alimentadas com sacarina a outras cobaias que nunca haviam tomado sacarina. Os resultados vêm esclarendo as dúvidas: após o transplante o nível de açúcar no sangue disparou.
Testes com seres humanos: estudos e observações preliminares
Em humanos, os resultados estão sendo igualmente significativos. Num primeiro estudo foi avaliado o consumo de adoçantes artificiais numa amostra de 381 pessoas que responderam a uma pesquisa nutricional.
As respostas vêm revelando que, quanto mais frequente for o consumo de sacarina, maior parece ser o peso de uma pessoa e mais alto passa a ser o nível de açúcar no sangue. Além disso, o ganho de peso concentra-se na região abdominal, local mais prejudicial à saúde.
Ao realizar exames de sangue nos consumidores habituais de sacarina, foram observados níveis anormais e elevados de hemoglobina glicosilada (o que indica a concentração de açúcar no sangue nos três meses anteriores) e da enzima ALT (que aponta os danos hepáticos que os pesquisadores atribuem a um transtorno de fígado grasso).
Num segundo estudo, sete pessoas sãs que não eram consumidoras habituais de adoçantes artificiais passaram a tomar 360 mls diários de sacarina durante uma semana, uma dose considerada aceitável pela agência de Alimentos e Fármacos dos EUA.
Até o final da semana, quatro dos sete participantes no estudio teriam alterada sua capacidade de regular o nível de açúcar no sangue. A composição da sua flora intestinal também foi alterada ao longo da semana. Nos outros três participantes, a sacarina não teve nenhum efeito prejudicial ou benéfico.
Uma análise retrospectiva vem revelando que desde antes de iniciar o teste, as quatro pessoas prejudicadas pela sacarina teriam uma composição da flora intestinal distinta das outras três pessoas.
A pesquisas dão base para observar com mais detalhe os efeitos dos adoçantes artificiais sobre a saúde, em especial os 3 tipos analisados nesses estudos: a sacarina, o aspartame e a sucralose. É um alerta geral, mas os presquisadores advertem: dado os resultados anteriores que nem todas as pessoas reagem igual ao consumo, tampouco isso quer dizer que o açúcar seja menos ou mais prejudicial e substâncias como a stevia ainda não foram analisadas. Portanto, tudo está em desenvolvimento.

Fonte - Autor: Javier Monzón - 24/09/2014