“Chega de parafernália!” O lema da passada XIV
edição de "Madrid Fusión" foi a linguagem do post vanguarda. Do conjunto de intervenções sucedidas podemos deduzir que ao falar de post
vanguarda nos referimos a que uma vez acabada a vanguarda, finalizados os experimentos, salvo poucas exceções de cozinheiros que seguem rondando a cozinha experimental, o que se impõe é uma olhada para trás, da tradição, para o produto. Com novos componentes, sem dúvida,
aproveitando muito do avançado nestes anos de revolução culinária, mas retomando o caminho clássico que muitos chefs abandonaram nos últimos anos.
A nova tendência é recuperar as velhas receitas dos pais. Voltar a valorizar o produto numa cozinha que nunca deveria ser esquecida. A conclusão é que, com algumas qualificações, o caminho da experimentação fica muito limitado.
Sabor:
Se não há sabor, não há cozinha. Por isso, a linha de
trabalho de muitos cozinheiros se dirige a acentuar esse sabor.
Cozinha mais humana:
Joan Roca definiu este tempo como de vanguarda
materialista, baseada em técnicas e tecnologia. E assegurou que agora passou para outra vanguarda, post-materialista, humanista, que vai da ciência à consciência, das técnicas às pessoas. Para Roca, a técnica já não é tão importante, o fundamental é, como se tem repetido um e outra vez neste
congresso, o sabor, mas deve ter mais coisas escondidas.
Simplicidade:
Diante da cozinha barroca, a de pratos carregados de
ingredientes, se impõe a simplicidade. Elaborações com dois ou três elementos,
aparentemente simples. Nesse sentido destacou o papel de Josean
Alija, de Nerúa (Bilbao), com sua teoria de que menos é mais e seu empenho em atingir o maior prazer com o menor número de ingredientes. Isso sim, produtos
de máxima qualidade, a ser possível procedentes dos arredores do restaurante e respeitando sempre a sazonalidade.
O prato antes do show:
O importante é o prato e tudo mais deve ficar em função dele. Assim admitiu no cenário David Muñoz, que depois de dois anos do show sobre a comida, reconheceu que se equivocou e que agora vai voltar a dar protagonismo à comida.
A carne de touro:
Mario Sandoval, a carne de touro lutador, uma carne
sem apenas gordura, que na Espanha apenas se consome e que há que recuperar. Nada
mais ecológico que a carne destas reses bravas criadas nas defesas,
animais que são imagens da Espanha. Se trata de voltar a utilizar a carne dos touros que não morrem na praça e que vão da defesa ao matadouro. Uma
carne que agora é baratíssima, apenas 2,50 euros o quilo. Um produto de qualidade, muito nutritivo e baseado na sustentabilidade.
Reduzir menús:
Outra tendência que se impõe é a de reduzir os
longos menús degustação que marcam a cozinha de
vanguarda. Em muitos casos uma autêntica ditadura já que não dá ao cliente outra opção. Nos últimos tempos vários cozinheiros se pronunciam neste sentido. O mais crítico com eles foi David Muñoz, que é precisamente um dos que mais utilizam e com mais passos oferecido. O madrilenho se mostrou farto dos menús intermináveis.
Concursos:
Os concursos de receitas se impões, receitas com queijo, de "bocadillos" de autor, de cozinha criativa com produtos italianos, de cozinha com azeite de oliva extravirgem… Os dois mais destacados são o de Tapas de
Diseño, que patrocina Mahou e que este ano ganhou Mariano Mier, de El
Quinto (Gijón); e o do melhor croquete de presunto (que leva o pomposo título
de "o melhor croquete de presunto do mundo), patrocinado por Joselito e que
ganhou Jesús Segura, da Barra de Trivio (Cuenca). Se escolhe também o melhor
cozinheiro revelação.
Este ano ganhou Javi Estévez, da Tasquería (Madrid).
Este ano ganhou Javi Estévez, da Tasquería (Madrid).
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