domingo, 14 de agosto de 2016

Críticos gastronômicos, os 20 mandamentos

Há críticos gastronômicos implacáveis, em alguns casos uma crítica demolidora pode afundar profissionais e seus negócios, sem contudo merecê-la.

Os críticos pagam suas refeições quando estão trabalhando? Alguns sim e estes são os profissionais de verdade. Outros são convidados pelo estabelecimento e outros, os caras de pau, pretendem não pagar ainda que nem sempre são bem sucedidos. Seguramente estes últimos são os mais implacáveis em suas críticas.

Mas também existem os clientes implacáveis de restaurantes que não sabem valorizar nem a qualidade nem o serviço de um restaurante e dispostos a pousar de críticos gastronômicos se lançam a degola e sem piedade contra o estabelecimento, na maioria dos casos sem razão, caro, serviço lamentável, lento, etc. etc.

Os 20 mandamentos do crítico gastronômico

1. São tão bons quanto os quilômetros que fazem. Ou seja, como os restaurantes marcados no mapa.

2. Na cozinha de vanguarda, não se pode julgar um restaurante com base na temporada anterior.

3. Não pagar a conta invalida a crítica.

4. Não são o Duque de Edimburgo. Cuidado com os copos a mais.

5. (Em princípio) não são cozinheiro, são jornalistas. Cuidado em corrigir um prato se não passou 14 horas por dia dentro da cozinha.

6. Pode ser que algumas vezes esteja informando, mas sempre estará opinando.

7. Sua opinião vale tanto quanto a credibilidade que seus leitores concedem.

8. Um crítico gastronômico não se anuncia. Não são um Borbón.

9. Sua coluna não é um espaço para ajustar contas pessoais nem saldar dívidas, nem pagar aquela garrafa de Clos Mogador que não deveria ter pedido, mas pediu.

10. Jantar só não é um drama. É bom ir se acostumando.

11. Se não aporta valor aos seus leitores (informar sobre tendências, dizer coisas novas, desvendar a personalidade de um cozinheiro…) não chore porque ninguém lê sua coluna.

12. Um jornalista vale tanto quanto suas fontes. Isso também se aplica ao jornalismo gastronômico.

13. Sem curiosidade você não tem nada. Sem o motor da curiosidade (provar novos pratos, viajar, perguntar, puxar o fio de una pista sobre algo novo…) dificilmente vai ser capaz de construir nada exemplar. Não basta comer: quanto mais ler, olhar, escutar e aprender, mais credibilidade terão seus textos. E não me refiro exclusivamente a literatura gastronômica…

14. Assim como qualquer um de nós, um restaurante pode ter um mal dia. Antes de uma crítica destrutiva, confirme a experiência com uma segunda visita.

15. Não sei o que é isso de “jornalismo cidadão”. Um bom artigo é um bom artigo e seguirá sendo em papel, tela ou pixel, escreva um Pulitzer ou um padeiro.

16. O nacionalismo se cura viajando, dizia muito Cela. A idiotice de um crítico também.

17. Não está escrevendo uma novela, está fazendo jornalismo: contextualiza a história, pergunta, indaga os porquês e quem, aprenda sobre gestão de negócios gastronômicos, de escândalos. Te pagam por saber fazer as perguntas adequadas, mas também por dar as respostas.

18. Nunca escreva um artigo chamado “Pollos Muñoz”, pois não vai ser cavalo 3 Estrelas Michelin alguns anos depois. O que escreve, fica escrito.

19. Conte alguma coisa que eu não saiba. Se não for capaz de fazer, ao menos divirta-me.

20. Na realidade, sua opinião não importa tanto. Relaxe!

Publicado por Javier Monzón em 26/02/2014.

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